sexta-feira, 22 de abril de 2011

Após três anos, os Diabos rumam sozinhos para o inferno

O choro do atacante Neném, em 2008, após a confirmação do primeiro rebaixamento do América
A Taça Rio está chegando ao fim e eu ainda não falei sobre o triste rebaixamento do América à Série B do Campeonato Carioca. É a segunda vez que o tradicional time Rubro amarga este desgosto. Em uma hora como essas, fica fácil apontar culpados. De fato, é inadmissível um clube com a história e marca do América ser rebaixado em um campeonato estadual como o carioca, mas a incompetência, aliada à falta de investimentos, é capaz de produzir os piores feitos. Em 2008, após o rebaixamento dos Diabos à segundona estadual, guardei o jornal do dia seguinte por acreditar que levaria mais tempo até um novo descenso se repetir; me enganei.

O caderno dos esportes do jornal “O Globo”, do dia 6 de abril de 2008, dedicou duas páginas à tragédia americana. Na matéria principal, o genial título: “América luta, vence, sofre mas acaba no inferno”. Abaixo, podemos ver como foram aquelas últimas horas na elite carioca – com uma despedida mais “heróica” do que a deste ano, diga-se de passagem.

“E a tragédia se consumou, com requintes de crueldade. Mesmo vencendo o Friburguense por 2 a 0 no Estádio Eduardo Guinle, o América, que passou toda a competição na zona do rebaixamento, acabou caindo para a Segunda Divisão, depois de 100 anos convivendo com a elite do futebol carioca. A vitória não foi suficiente, já que o Mesquita, numa reação heróica, venceu o Duque de Caxias por 4 a 2, chegando a 12 pontos, dois a mais que o América, que caiu juntamente com o Cardoso Moreira, derrotado pelo Resende por 1 a 0” – texto de Carlos Eduardo Mansur.

Para piorar, a torcida presente no estádio ainda recebeu a falsa informação de um empate do Duque de Caxias, que aliviaria os rubros. Os americanos comemoraram em meio a abraços e lágrimas de felicidade, que logo logo escorreram de tristeza quando a verdadeira notícia chegou: o tento era do Mesquita, que acabou se salvando da degola naquela temporada.

O jornal ainda mostra diversos depoimentos; alguns bem curtos, como o de Jorginho, atual técnico do Figueirense, e ex- auxiliar de Dunga na Copa do Mundo de 2010. Revelado no clube, treinou os Diabos em 2006, levando o time à final da Taça Guanabara contra o Botafogo. “Para mim, o sentimento é de desespero. Tenho gratidão pelo América. Acreditava até o último momento”, disse.

Elói, campeão da Taça Guanabara de 1982, disse: “Nunca sairia da minha casa para assistir a Fluminense e Vasco. O América é especial. Lamento estar fora e não poder ajudar”.

O pior é ver que, apenas três anos depois, o novo rebaixamento não teve tanta repercussão, mostrando que, infelizmente, o América parece estar sozinho desta vez.

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