quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O Cavalo de Tróia no futebol estadunidense

Bom demais para ser verdade, certo?

Passada de pai para filho desde que Homero escreveu a Ilíada, a história da Guerra de Tróia é relembrada toda vez que a expressão “presente de grego” é falada. Ela remete ao Cavalo de Tróia, plano bolado pelo inteligentíssimo Ulisses para conseguir acesso à cidade protegida e que fez dos gregos os vencedores da guerra. Os troianos, orgulhosos, acreditaram que o gigante cavalo de madeira era um presente pela vitória na luta, mas foram traídos por este orgulho demasiado quando os soldados helênicos saíram de dentro do equino, abriram os portões da cidade e arrasaram com tudo. A história já foi para as telonas diversas vezes, acompanhada por grandes efeitos do cinema norte-americano. E foi lá mesmo, nos EUA, que usaram uma tática parecida para ganhar um jogo de futebol de uma equipe que parecia invencível: O Cosmos de Pelé.

Na 2ª rodada das semifinais da NASL (North American Soccer League), o Cosmos era o grande favorito para vencer o Tampa Bay Rowdies e decidir o título. Motivo? O time nova-iorquino contava com ninguém mais ninguém menos que Pelé. O principal nome da esquadra de Tampa Bay era o britânico Rodney Marsh – que, ao negar ser o “Pelé Branco”, levantou muita polêmica ao dizer que o Rei do Futebol que era o “Rodney Marsh Negro”. Marsh sabia da fama de boêmios dos jogadores do Cosmos, especialmente de suas duas estrelas; Pelé e o italiano fanfarrão Giorgio Chinaglia. Por isso mesmo, ajudou na elaboração de um plano à la grega que podia ajudar os Rowdies contra o time da Warner Bros. Entrava em cena as “Cavalas de Tróia”.

Na saída do aeroporto de Tampa Bay, Pelé e Chinaglia foram recebidos por uma limusine “recheada” com duas lindas mulheres e garrafas de Chivas Regal. Era muito bom para ser verdade. Mesmo assim, os donos das camisas 9 e 10 do Cosmos se esbaldaram naquela noite, véspera da partida decisiva. No dia seguinte, Pelé e Chinaglia sentiram o “coice” da armadilha e o Tampa Bay venceu os nova-iorquinos por 3 a 2.

Com Pelé o Cosmos levou muita gente aos estádios norte-americanos, mas venceu somente um título; a Liga de 1977, a última do Rei do Futebol no esporte bretão. O time ainda conseguiu se sustentar, sem o brilho de antes, até o início da década de 1980 e conquistou outros títulos até ser desfeito em 1984. Atualmente, a marca existe. O time, vinculado agora a figuras como Eric Cantona, é um fantasma que vaga pelo futebol estadunidense.