segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Há dez anos o Vasco fez o impossível: a "Virada do Século"


“O Vasco é o time da virada”. Nunca uma frase entoada por uma torcida se justificou tanto em um jogo como no dia 20/12/2000. Palmeiras e Vasco se enfrentavam pela final da extinta Copa Mercosul. As duas equipes se classificaram na segunda posição de seus respectivos grupos. O Vasco, atrás do Atlético Mineiro e o Palmeiras atrás de outro time de Minas Gerais, o Cruzeiro.

Cariocas e paulistas já haviam feito duas partidas pela final do certame. Na primeira, vitória por 2 a 0 do Vasco, em São Januário. Em São Paulo, vitória palmeirense por 1 a 0. Como não havia saldo de gols, a decisão ficou para a terceira partida, realizada no Palestra Itália.

A equipe cruzmaltina vivia um momento turbulento. O técnico Osvaldo de Oliveira havia sido demitido pelo poderoso chefão da colina, Eurico Miranda. Em seu lugar veio o carismático Joel Santana. Como está escrito no excelente post de André Rocha, do blog “olho tático”, no globoesporte.com, o Natalino só fez uma mudança no time. Sacou Paulo Miranda e colocou Nasa no meio campo.

O jogo começou melhor para o Palmeiras, que aproveitava a afobação da zaga vascaína para construir suas oportunidades. Hélton foi obrigado a mostrar o seu trabalho debaixo das traves. Justamente quando o Vasco começou a se acertar na partida, o Palmeiras, nos 15 minutos finais da primeira etapa, fez uma avalanche de gols. O primeiro foi em um pênalti cometido por Júnior Baiano, que quase colocou tudo a perder neste dia. O zagueiro, sabe-se lá por que, resolveu colocar a mão na bola. O Paraguai Arce bateu forte e converteu a penalidade. A repetição do gol ainda era vista na TV quando, para a alegria dos alviverdes, Magrão aproveitou o rebote de Hélton, após defender chute de Tuta, para marcar, de cabeça, o segundo do Verdão.

Antes de Márcio Rezende de Freitas apitar o final do primeiro tempo, Tuta anotou o que parecia ser o tento da vitória. Um chute fraco e rasteiro no canto direito de Hélton. Se tivesse alguém que ainda acreditasse no título cruzmaltino, este poderia ser internado em um sanatório.

Acreditando que a vitória estava garantida, o Palmeiras recuou demasiadamente. Tudo o que os alviverdes queriam era que o tempo passasse rápido. Do outro lado, como franco atirador, Joel Santana colocou o veterano atacante Viola em campo. O Vasco aproveitou a postura do time da casa e começou seus ataques. Aos 13 minutos, Juninho Paulista sofreu pênalti. Romário bateu e diminuiu. O gol deu ânimo ao time vascaíno, que ainda perdeu mais chances de gols. A superioridade do Gigante da Colina começou a mexer com os nervos dos palmeirenses, que já começavam a fazer “cera”.

Aos 22', outro pênalti em Juninho Paulista, outro gol de Romário. A atuação do Palmeiras era tenebrosa. O segundo tento vascaíno desestabilizou ainda mais os palmeirenses. Os Juninhos, Pernambucano e Paulista, infernizavam o meio campo do Verdão. Romário, Euller e Viola levavam o perigo à meta de Sérgio. Mas, aos 32 minutos, Júnior Baiano apareceu para, novamente, prejudicar o Vasco. O estabanado zagueiro levou o segundo cartão amarelo, após fazer falta no meio-campista Fábio, e foi expulso.

O jogo entrava em sua parte final. Aos 41, veio o inesperado empate. Romário, dentro da área, finalizou mal, na sobra Juninho Paulista fez o terceiro gol. A reação despertou um sentimento duplo nos jogadores e comissão técnica do Vasco. Os atacantes, acreditando que a vitória ainda era possível, se lançavam ao ataque. Na defesa, os jogadores pouco subiam, e agora contavam com a entrada do experiente Mauro Galvão, para dar mais suporte ao setor. Aos 48', quando a disputa de pênaltis já era uma realidade aceita por ambas as equipes, Romário fez o inimaginável. Viola partiu com a bola e entrou na área, mas foi atrapalhado por um próprio companheiro. A redonda sobrou nos pés de Juninho Paulista, que chutou. A finalização do pequenino meio campista desviou em Tiago Silva e foi parar nos pés de um outro baixinho, “o” baixinho. Romário só precisou empurrar a gorda para as redes e sair para o abraço.

Na volta do Gigante da Colina ao Rio de Janeiro, na tarde do dia seguinte, uma multidão esperava os heróis da virada, que seguiram em desfile de carro aberto até São Januário. Uma vitória épica, digna de um time que tem como nome o herói de “Os Lusíadas”. Vasco da Gama, Campeão da Copa Mercosul.

Vasco: 1-Hélton; 29-Clébson, 3-Dovan, 13-Júnior Baiano e 18-Jorginho Paulista; 5-Nasa (9-Viola) e 2-Jorginho (7-Paulo Miranda); 31-Juninho Pernambucano e 23-Juninho Paulista; 17-Euller (4-Mauro Galvão) e 11-Romário. Técnico: Joel Santana.

Palmeiras: 12-Sérgio; 26-Arce, 13-Gilmar, 4-Galeano e 19-Tiago Silva; 5-Fernando, 6-Magrão e 15-Taddei; 20-Flávio; 8-Juninho e 9-Tuta (11-Basílio). Técnico: Marco Aurélio.

3 comentários:

Rodrigo Pereira disse...

Isso que era time! Tanto tempo que não vejo o Vasco com um time que chegue aos pés deste...

Bruzzi disse...

Missão impossível foi o Vasco tomar 3 gols de um time cujo centroavante era o tuta... Só o Vasco e Junior baiano pra conseguirem esse feito.

E pelo visto, nesse carioca vão tomar muitos gols de um dentuço nascido no Sul e regressando das terra do macarrão.

Anônimo disse...

Se o "Vaxco" precisasse fazer 5 gols, o juiz teria marcado mais alguns penalties naquele dia.