terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Aos 83 anos morre Enzo Bearzot, técnico da Itália de 1982


Enzo Bearzot é o típico caso do zagueiro mediano que virou protagonista na área técnica. Enquanto correu entre as quatro linhas, no papel de xerifão da zaga, defendeu quatro clubes: Pro Gorizia, Internazionale, Catania e Torino. Chegou até a defender a seleção nazionale em uma oportunidade.

Após encerrar sua carreira, em 1964, Bearzot foi galgando, aos poucos, o caminho que o levaria ao comando técnico da seleção italiana. Após a Copa de 1974 passou a dividir o banco da azurra com o Ferruccio Valcareggi, campeão da Eurocopa de 1968 e vice-campeão mundial em 70, e três anos depois assumiu total controle da seleção italiana. No ano seguinte disputou sua primeira Copa do Mundo, quando ficou na quarta colocação, no polêmico mundial da Argentina. Em 1980 levou a Itália, novamente, a uma quarta colocação, desta vez na Eurocopa. Sua glória estava destinada a ser inesquecível, e aconteceria dois anos depois.

Em 1982, na Copa da Espanha, teve seu trabalho tão contestado pela imprensa da “velha bota” que chegou a fazer greve de silêncio. A Azzurra também sofria com outros problemas. O atacante Paolo Rossi havia sido convocado após um longo período de dois anos inativo, fruto de uma punição recebida pela sua participação no Totocalcio, um escândalo de manipulação de resultados na loteria esportiva italiana. Tanto Paolo quanto Bearzot se redimiram.

A vitória sobre o Brasil de Zico, Sócrates, Falcão e tantos outros craques, entrou para a história do futebol. A “tragédia do Sarriá” transformou os dois italianos em vilões para alguns, e heróis para seu povo. As vitórias por 2 a 0, sobre a seleção polonesa na semifinal, e por 3 a 1, na final disputada contra a Alemanha, deram à Itália o terceiro título mundial.

Já com o grande feito de ter levado a Azzurra ao topo do mundo, Bearzot ainda treinou sua seleção na Copa seguinte, até ser eliminado pela França nas oitavas de final. Após a derrota, o treinador pediu o boné e ficou, durante um bom período, sumido dos noticiários futebolísticos. De 2002 até 2005 foi diretor da Federação Italiana de Futebol, a FIGC (Federazione Italiana Giuoco Calcio). Na noite de ontem, aos 83 anos, o técnico que fez o Brasil chorar faleceu.

Agora, Bearzot poderá comandar, lá de cima, uma seleção italiana capitaneada por Giuseppe Meazza. Quem sabe não acontece outro embate contra um time armado por Telê Santana? O estádio pode ser até o mesmo, já que o palco da tragédia brasileira foi implodido no dia 20/09/1997. Mas, desta vez, com todo respeito a “Il Vecchio”(O Velho), como Enzo era chamado, Telê conta com estrelas de primeira grandeza e já deve conhecer melhor os atalhos das nuvens. É favoritíssimo.

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