segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

O Adeus de Ronaldo


O dia 14 de fevereiro de 2011 já entrou para a história do futebol. Hoje, Ronaldo anunciou oficialmente sua aposentadoria dos gramados. Tudo bem que o dentuço não mostrava em campo nem metade do que todos nós sabíamos que ele havia jogado, e que ostentava uma barriga de fazer inveja aos que gostam de beber sua cerveja acompanhados de petiscos pra lá de gordurosos. Mesmo assim é triste saber que não o veremos mais em campo.

A história de Ronaldo Luiz Nazário de Lima no esporte bretão é lindíssima. Começou jogando futsal pelo Social Ramos Clube, do Rio de Janeiro. Logo depois, virou “cadete” jogando pelo São Cristóvão e teve o passe comprado, por 25 mil dólares, pelo Furacão da Copa de 70, Jairzinho. O ex-atacante da Seleção Brasileira vendeu o habilidoso menino para o Cruzeiro pela bagatela de 500 mil dólares, um supernegócio.

Jogando pelo time celeste de Minas Gerais, Ronaldo apareceu para o futebol nacional sendo, inclusive, convocado para a Copa do Mundo de 1994, onde, mesmo não tendo jogado nenhuma partida, fez parte do grupo campeão do mundo. No mesmo ano foi vendido, por 6 milhões de dólares, para o PSV Eindhoven, da Holanda, onde ficou até 1996 e virou ídolo. Seguiu os passos de Romário e, em mais uma transferência milionária (20 milhões de dólares), rumou para a Catalunha, onde defendeu o Barcelona.

O tempo no qual vestiu azul-grená foi quando teve suas atuações mais espetaculares, com destaque para o golaço marcado em partida contra o Compostela. Virou ídolo Culé e sagrou-se melhor jogador do mundo em 1996. Repetiu o feito no ano seguinte e depois seguiu para a Itália, mais precisamente para Milão.

Na Velha Bota, defendeu as cores nerazzuri da Internazionale, sendo peça importantíssima na conquista da Copa da UEFA, em 1998. No mesmo ano, fracassou na Copa do Mundo da França, onde, em um episódio até hoje muito controverso, entrou em campo na final do torneio, contra a seleção local, horas após sofrer uma convulsão. Em 2000, ainda pela Inter, quando retornou a um jogo oficial após um longo tempo tratando de uma contusão no joelho, sofreu uma das mais impressionantes lesões já registradas no mundo da bola. Para muitos, acabava ali a carreira do “Fenômeno”.

A volta por cima viria dois anos depois, onde foi peça chave para a conquista do pentacampeonato mundial da Seleção Brasileira, sendo artilheiro do certame, com 8 gols. Após a Copa do Mundo foi vendido ao Real Madrid, onde já chegou conquistando o Mundial de Clubes. Na Copa do Mundo de 2006, começou a aparecer a dificuldade do atacante com a balança, e Ronaldo passou a ser duramente criticado por sua forma física. Nas quartas de final fracassou, juntamente com outras grandes estrelas, diante da França.

Em 2007, já entrando em uma descendente em sua carreira, deixou o Real Madrid e voltou a Milão, desta vez para defender o Milan. Apesar de todo o carinho que recebeu da torcida rossonera, não correspondeu em campo, jogando poucas partidas e ficando longos períodos no departamento médico. Em 2008, ao tentar subir para cabecear uma bola, caiu no chão com a mesma lesão que teve oito anos antes: ruptura do tendão patelar, desta vez do joelho esquerdo. Ao final da temporada corrente não teve o contrato renovado pelo Milan.

O processo de recuperação foi todo feito no Flamengo, até então clube de coração do craque. Muitos eram os torcedores que sonhavam em vê-lo vestindo a camisa 9 do Fla, porém o episódio mais marcante de Ronaldo com a camisa rubro-negra foi também o mais vexatório: em abril de 2008 o atacante se envolveu em uma confusão com travestis. Para a tristeza dos flamenguistas, Ronaldo vestia a camisa do Flamengo na ocasião. Porém, só perdeu o apoio dos rubro-negros meses depois.

No final deste turbulento ano, o atacante acertou sua ida para o Corinthians, surpreendendo a todos e enfurecendo diretores e torcedores do Flamengo. Jogando em São Paulo, muitos não acreditavam mais na eficiência do atacante, que passou a sofrer mais ainda com os comentários a respeito de seu peso. Porém, em seu primeiro semestre pelo Timão, foi protagonista das conquistas do campeonato Paulista e Copa do Brasil. Foi a última vez que conseguiu calar os críticos.

No restante daquele ano, no ano passado e na atual temporada, o atacante não se encontrava mais em campo. Fracassou com o Corinthians na disputa pelos títulos do Brasileirão e da Libertadores. Hoje, em entrevista coletiva, com os olhos marejados, oficializou sua retirada dos campos.

A decisão foi acertada. Como ele mesmo disse, “o corpo não acompanhava mais o raciocínio em campo”, e jogo após jogo, Ronaldo se transformava cada vez mais em um jogador comum. Toda despedida é triste, mas necessária. É como ler um livro cheio de altos e baixos, porém repleto de glórias. O fim, em dado momento, é necessário, e quando esta hora chega, tudo o que foi ruim fica para trás, como se fosse uma simplificação matemática. Hoje, Ronaldo deixou de ser jogador e se transformou, de vez, em um mito.

2 comentários:

Vinicius Machado disse...

"Fenômeno", alguém que surge, desponta, eleva-se ao máximo, mas não é permanente. O que ele fez na sua carreira compensa o que ele não fez. Só temos que bater palmas.

Tauan Ambrosio disse...

Exatamente! Grande abraço meu amigo!